Fotos: Divulgação / Old Cars and Trucks Pictures / Wikipedia
Texto: Gustavo do Carmo


A crise econômica mundial fez mais uma vítima. A Pontiac teve o seu fim anunciado no último dia 27 de abril pela General Motors, que está em concordata. A medida faz parte do plano de reestruturação do conglomerado automobilístico para se livrar da falência.

Identificada como a divisão esportiva da maior montadora norte-americana (e segunda maior do mundo), a Pontiac nasceu em 1926 como uma linha da fabricante Oakland Car, que existia desde 1907 e foi vendida para a GM dois anos depois do seu lançamento. A Oakland (nome de um bairro) era sediada em Pontiac, uma cidade no estado de Michigan (norte dos Estados Unidos). O nome do município vem de um chefe indígena que participou de uma batalha no século XVIII.

Os dois primeiros adereços do capô dos modelos Pontiac

O primeiro modelo Pontiac tinha motor de seis cilindros em linha, 3.1 litros e 40 cavalos de potência. Era o carro mais compacto da época e em 1928 vendeu pouco mais de 76,4 mil unidades.


Pontiac 1926 Coupé
A Pontiac começou sua participação na GM como uma marca mais econômica. Por isso, o motor de oito cilindros lançado em 1933 para aumentar a potência era em linha. Mas a marca acabou voltando aos seis cilindros por ser mais leve e compacto. Naquela década quem fez sucesso foi o Master Six Coupé.

Master Six Coupé

Em 1948, três anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, os Pontiacs passaram a ser equipados com câmbio automático (na verdade, hidramático, criado pela General Motors), o que salvou a marca da falência.


Pontiac Streamliner 1949


Pontiac Streamliner Wagon 1950
Catalina 1950


Até 1956 o emblema era a cabeça de um índio. A partir de então foi trocado pelo símbolo atual que representa a ponta de uma flecha nativa. O primeiro sucesso da marca foi um ensaio no segmento de luxo, com o grande sedã Boneville, lançado em 1958, que durou até 2006. No ano seguinte o modelo venceu o Grande Prêmio de Daytona. A marca tornou-se definitivamente esportiva com o surgimento do GTO em 1964, que tinha carrocerias cupê e conversível e chegou a ser comparado até com a Ferrari homônima por uma revista norte-americana. Mas a Pontiac ficou afastada das corridas por vinte anos, retornando apenas em 1983 na Stock Car americana.

Boneville 1959


GTO 1964


Firebird 1967

Outro sucesso foi o Firebird, mais compacto, também em carrocerias fechada e aberta. Durou entre 1967 e 2002. Na sua segunda geração, ficou famoso no filme Agarra-me se puderes (1977). Já a versão seguinte, de 1982, se destacou como o K.I.T.T. do seriado Supermáquina.


Firebird 1970


Firebird 1982 - O K.I.T.T. do seriado Supermáquina, exibido no Brasil pelo SBT nos anos 80
Como a Pontiac é uma divisão da General Motors desde os anos 20, apesar da personalidade que os modelos tiveram, todos foram baseados em carros da matriz. O Boneville, por exemplo, era derivado do Impala. O GTO do Chevelle e o Firebird do Camaro. Outros modelos que fizeram história na Pontiac foram o Silver Streak, Star Chief, Tempest, Catalina, GrandPrix, Sunbird, Fiero e GrandAm. TransAm era uma versão do Firebird.


Firebird Trans Am 1993


Boneville 2003


Antes da criação da Saturn em 1992, a Pontiac também era a principal representante norte-americana dos modelos compactos e médios de outras subsidiárias da GM pelo mundo como o Kadett (Le Mans), Chevette (T-1000) e Suzuki Swift (Firefly). Os recentes GTO e G8, por sua vez, são as duas últimas gerações do australiano Holden Monaro, coupé do Holden Commodore, conhecido entre nós brasileiros como Chevrolet Omega.


Le Mans 1993


GTO 2004

Alguns modelos, no entanto, não deram o retorno esperado e acabaram, involuntariamente, contribuindo para a atual decisão de extinguir a marca, como aconteceu com a Oldsmobile em 2004: Sunfire, o monovolume Montana (sucessor do bem-sucedido Trans Sport) e o feioso crossover Aztec, que lembrava aqueles modelos da coreana Ssangyong.

Sunfire 1999






Montana 1999


Aztec 2001


A linha atual da Pontiac é composta pelo hatch compacto G3 (que deve dar origem ao nosso Chevrolet Viva), o crossover Vibe, o cupê G5, o familiar G6 em versões sedã, cupê e conversível, o jipe Torrent, além dos já citados G8 e Solstice, que também ganhou uma carroceria fechada. Todos deixarão de ser produzidos no final de 2010.
G8

A Saturn e a Hummer podem ser as próxima vítimas. Com a medida, que também inclui demissões e fechamento de fábricas e de concessionárias, além de corte de custos, a General Motors vai se concentrar nas marcas Chevrolet, Cadillac, Buick e GMC.
A perda da identidade da marca em troca da necessidade por lucros que não vieram contribui para a extinção de uma marca que vai deixar saudades não apenas nos Estados Unidos como também nos fãs espalhados pelo mundo.









Solstice