Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação, Pedro Simões, pelo Wikipedia (500 original) e Gustavo do Carmo (500 original em miniatura)

Carro econômico e barato, voltado para as classes mais baixas, ressuscita com equipamentos modernos, requinte, muito conforto e custando caro. Essa história começou com o Fusca, que virou New Beetle, e se repetiu com o inglês Mini Cooper e o italiano Fiat 500.

Este último foi lançado na Europa em 2007. Já falei dele no meu antigo fotolog Guscar 2 e foi até eleito o Carro do Ano no seu continente meses depois. Agora o Fiat 500 (chamado verbalmente de Cinquecento) chegou ao Brasil com dois desafios: se apresentar para o brasileiro, que mal conheceu a versão de 1957, e fazer valer a pena os seus 3,55m de comprimento, 1,63 m de largura, 1,49 m de altura e 2,30 m de distância entre-eixos, que acomodam apenas quatro passageiros e custam mais de 63 mil reais.

O Cinquecento é quase fiel ao 500 original, a não ser pelas arestas mais modernas nas janelas laterais com seus vidros e colunas escurecidos e na tampa traseira que antigamente abrigava o motor e tinha entradas de ar. Agora é apenas a porta do diminuto porta-malas de 185 litros. As lanternas também mudaram. Cresceram e ganharam moldura cromada em seu interior.


O motor Fire 1.4 de 16 válvulas e 100 cavalos de potência, único disponível no país, está na frente, como nos carros atuais e, por isso, o para-choque dianteiro tem grade. O antigo transformou-se num friso cromado ou na cor da carroceria, que só é dividido para abrigar a placa de licença. A frente fechada em relevo com o emblema e o friso 'bigode' cromado no centro também estão lá. Os faróis, antes redondos, agora são ovais e abrigam as luzes do pisca que no modelo antigo ficavam abaixo deles, onde hoje estão os faróis de neblina, também ovalados.


O interior também mescla visual retrô com moderno. O painel é clássico, com apliques na cor da carroceria externa, quadro de instrumentos pequeno, como aquele que o Fox acabou de abandonar, concentrando velocímetro, conta-giros, visor do computador de bordo e outros marcadores. A modernidade está no display do sistema de som, nos comandos de rádio e climatização no tablier, no volante de três braços, na alavanca de câmbio em posição elevada no console, nos porta-objetos e nos bancos anatômicos com apoios de cabeça redondos e revestimentos das portas.



Para justificar os R$ 63.860 pedidos pela versão Sport, a mais barata, com câmbio manual de seis marchas, a Fiat incluiu equipamentos de série dignos de carros maiores como freios ABS com EBD, sete air bags, Blue&MeTM, ESP + ASR + Hill Holder, ar-condicionado, direção elétrica Dual Drive (que tem dois modos de direção), trio elétrico, CD MP3, função Sport para o motor e direção, faróis de neblina, sensor de estacionamento, banco traseiro bipartido 50/50, volante em couro com comandos de rádio e rodas de alumínio aro 15. Com o câmbio automatizado Dualogic, que já equipa boa parte da linha nacional da Fiat, o Sport sai por R$ 67.980.

A outra versão é a Lounge, que se diferencia pelos frisos nos para-choques e suporte dos espelhos retrovisores externos cromados, as rodas de liga-leve estreladas e o teto de vidro fixo. Seus equipamentos de série são os mesmos do Sport adicionados ao ar-condicionado automático digital, banco do motorista com regulagem de altura, banco do passageiro com porta-objetos, retrovisores externos elétricos e volante revestido em couro. Custa entre R$ 65.920 (manual) e R$ 70.040 (Dualogic).



Os opcionais são os mesmos para as duas versões, como as rodas de 16 polegadas, o teto solar elétrico Sky Wind, retrovisor interno eletrocrômico e revestimento em couro. O kit adiciona mais R$ 7.375, o que pode jogar o Lounge com pintura metálica para R$ 78.241. As opções de cores são as sólidas Amarelo Birichino (exclusiva da Sport), Branco Caldo, Vermelho Sfrontado, as metálicas Azul Magnetico, Cinza Sfrenato e Preto Provocatore. Há ainda a perolizada Branco Gioioso, também só na Sport.

O Fiat 500 também pode ser incrementado com acessórios como minissaias laterais, spoilers dianteiro e traseiro, aerofólio na tampa traseira, frisos cromados, faixas adesivas laterais nas versões Itália e Sport (vermelha e preta) e faixa (vermelha e preta) no teto e no capô.

Montado na transversal, o motor Fire 1.4 16v, com seus 100 cv, encaixou no Cinquecento apenas para dar um fôlego na cidade. Seus destaques dinâmicos são o consumo e a frenagem. Pena que o nível de ruído é um pouco elevado.

Importado da Polônia, o Fiat 500 chega com garantia de dois anos para somente 150 concessionárias da marca nas principais cidades do Brasil, mas todas as concessionárias poderão fazer a manutenção.

Não será um carro para entrar nesse mercado competitivo de hatches que nós temos e sim para dar uma sofisticação à imagem da Fiat no país, mostrando que ela é capaz de oferecer veículos em sintonia com o exterior. Mas o nicho em que o Cinquecento se insere não está vazio, não. Em todo o Brasil vai enfrentar a concorrência do mexicano Volkswagen New Beetle. Em Curitiba e em São Paulo tem o Mini. Nosso estado vizinho também tem o Smart, de apenas dois lugares, sem visual retrô, que finalmente vai começar a ser vendido no Rio de Janeiro.

O Fiat 500 também vem para contrariar a minha previsão de que ele não seria importado oficialmente pela própria montadora.